Cloud Native, Open Source e Powered by AI: A 5ª Geração de Core Banking
- Fernando Seguim
- 26 de fev.
- 6 min de leitura

O setor bancário tem passado por uma transformação radical nos últimos anos. O surgimento das fintechs, a digitalização acelerada e a crescente demanda por serviços financeiros ágeis e personalizados estão pressionando os bancos a modernizarem suas infraestruturas. Nesse cenário, entra a 5ª geração de core banking, que se destaca por ser Cloud Native, Open Source e impulsionada por Inteligência Artificial (AI).
As Gerações de Core Banking
Os sistemas de Core Banking evoluíram ao longo do tempo para atender às necessidades crescentes de eficiência, escalabilidade e inovação no setor financeiro. Podemos dividi-los em cinco gerações, cada uma marcada por avanços tecnológicos significativos.
A 1ª Geração é marcada por sistemas mainframe centralizados, altamente confiáveis, mas caros e pouco flexíveis. Já a 2ª Geração tem arquiteturas client-server, com melhor interface, mas ainda limitadas na escalabilidade. A 3ª Geração representa a introdução da arquitetura SOA (Service-Oriented Architecture), facilitando integração, mas com desafios de eficiência e manutenção. E, por fim, na 4ª Geração, se dá com o uso da nuvem, microsserviços e APIs abertas, com maior modularidade, mas ainda enfrentando desafios de interoperabilidade e eficiência operacional.
Agora, com a ascensão das arquiteturas Cloud Native, o modelo Open Source e a Inteligência Artificial, entramos na 5ª geração de Core Banking, que se destaca pela eficiência operacional, modularidade, hiperpersonalização e colaboração aberta.
O que é um Core Banking Cloud Native?
Um Core Banking Cloud Native é projetado desde sua concepção para operar em ambientes de nuvem, seguindo os princípios estabelecidos pela Cloud Native Computing Foundation (CNCF):
Confiabilidade (Trusted) – Equilíbrio entre qualidade, segurança e agilidade na entrega de serviços bancários.
Abertura (Open) – Transparência e código aberto como base para auditoria e colaboração ativa.
Neutralidade (Neutral) – Independência de interesses específicos, evitando dependência de fornecedores.
Agnóstico a Plataformas (Platform Agnostic) – Execução em qualquer nuvem, ambiente híbrido ou on-premise.
Adoção Acelerada (Accelerated Adoption) – Implementação ágil de novos serviços financeiros.
Diversidade e Escalabilidade de Projetos (Project Diversity and Scalability) – Adaptação para fintechs e grandes bancos globais.
Experimentação e Inovação (Experimentation and Innovation) – Suporte a modelos financeiros emergentes, como DeFi e AI-driven banking.
Sustentabilidade (Sustainability) – Eficiência energética e otimização de custos operacionais.
Unidade Inclusiva (Inclusive Unity) – Arquitetura acessível para todos, suportando diversos players do setor financeiro.
O Papel do Open Source na Nova Geração de Core Bankings
O modelo Open Source é fundamental para a 5ª geração de Core Bankings, baseado nos princípios de transparência, colaboração e inovação contínua. De acordo com os princípios do opensource.com, podemos destacar: Transparência (Código aberto e auditável), Colaboração (Desenvolvimento compartilhado), Lançamento precoce e frequente (Rápida adaptação), Meritocracia inclusiva (Valorizando melhores ideias e diversidade) e a Construção de comunidade (Engajamento de desenvolvedores e parceiros).
Com estes princípios, possibilita-se uma inovação contínua, com desenvolvimento colaborativo e adaptável. Também podemos destacar questões de segurança e transparência, visto que há uma auditoria contínua e uma conformidade regulatória. E ainda há a questão da escalabilidade e interoperabilidade, viabilizando integrações com o Open Banking e com serviços financeiros globais.
Principais Características da 5ª Geração de Core Bankings
Conforme vimos anteriormente, a 5ª Geração de Core Banking é totalmente Cloud Native, Open Source e impulsionada por AI, promovendo eficiência, escalabilidade e inovação contínua. Além disso, podemos listar as suas principais características:
Arquitetura Cloud Native & Open Source
A Arquiterura Cloud Native refere-se a sistemas projetados para aproveitar ao máximo os ambientes de nuvem, garantindo escalabilidade, resiliência e flexibilidade. Já a Arquitetura Open Source refere-se à construção de sistemas, plataformas e infraestruturas baseados em tecnologias de código aberto. Isso significa que as soluções são desenvolvidas e mantidas por comunidades ou organizações que disponibilizam seu código para uso, modificação e distribuição livre.
Desta forma, com estas duas características, aspectos como Modularidade e Flexibilidade (containers e escalabilidade horizontal), Infraestrutura como Código (IaC) (automação e produtividade), APIs Abertas e Opens Standards (Interoperabilidade com Open Banking e novos modelos financeiros), Observabilidade e Auditabilidade (monitoramento contínuo, logs centralizados e a visibilidade total dos processos) e Segurança by Design (sistemas seguros desde a concepção, com princípios Zero Trust) acabam sendo grandes diferenciais.
FinOps e Sustentabilidade Financeira
FinOps é um modelo de gerenciamento financeiro para a nuvem, focado em otimizar custos e maximizar o retorno sobre investimentos em infraestrutura digital. Ele combina práticas financeiras, operacionais e de engenharia para garantir que as empresas utilizem recursos de forma eficiente, sem desperdícios. Na FinOps Foundation, é possível encontrar diversos cases de aplicação.
Assim, com esta adoção, se potencializa a Sustentabilidade Financeira do negócio, visto que fatores como Otimização de Custos (uso eficiente de recursos, reduzindo gastos operacionais), Escalabilidade sob demanda (ajuste automático de consumo, conforme a necessidade), além de Métricas de Eficiência (controle financeiro preditivo, com ferramentas avançadas para controle financeiro e previsibilidade de custos) passam a ser características principais.
Agnosticidade & Portabilidade
Quando falamos de Agnosticidade, estamos nos referindo à independência de uma solução em relação a plataformas, sistemas operacionais, linguagens de programação ou outras variáveis. Por exemplo, um software agnóstico funciona em qualquer sistema operacional, assim como um fundo de investimento agnóstico não se restringe a um setor específico.
Já a Portabilidade está ligada à facilidade de mover algo de um ambiente para outro. No mundo da tecnologia, pode se referir à capacidade de um código rodar em diferentes sistemas sem grandes adaptações. No mundo financeiro, pode significar a capacidade de transferir investimentos ou recursos entre instituições sem barreiras.
Desta forma, com estas características, o destaque fica com questão como Multi-cloud (suporte para AWS, Azure, Google Cloud e ambientes híbridos), a Infraestrutura Agnóstica (independência de fornecedores específicos), Suporte Global e Localização Adaptável (com um compliance aderente a diferentes regulamentações) e Interoperabilidade e Integração (gerando a capacidade de conexão com ecossistemas financeiros diversos).
Powered by AI & AI-Based
Powered by AI é um termo que mostra que a IA desempenha um papel fundamental no funcionamento do sistema ou produto, mas não necessariamente é a sua base principal. A IA é um componente de suporte, melhorando a eficiência, automação e experiência do usuário. O Nubank, por exemplo, faz o uso da IA com a finalidade de otimizar processos e personalizar serviços financeiros.
Já AI-Based é um termo que mostra que, diferente do anterior, mostra-se totalmente fundamentado na Inteligência Artificial. Ou seja, a IA não é apenas um recurso, mas sim a essência do produto. Como exemplo, podemos citar a fintech Jota, uma plataforma conversacional baseada em IA que automatiza as finanças de microempreendedores e microempresas. Ela oferece serviços como pagamentos via Pix e geração de cobranças por meio do WhatsApp, utilizando IA para processar comandos de áudio, texto e imagens, além de fornecer insights financeiros personalizados aos usuários.
Com estas características, destacam-se aspectos como Automatização Inteligente (otimização de processos operacionais), Detecção de Anomalias (IA para análise de riscos), Self-Healing (sistemas autônomos que corrigem falhas) e Análise Preditiva (prevenção de fraudes com IA).
Impacto no Setor Financeiro
Com estas evoluções, a nova geração de Core Bankings traz benefícios concretos para o sistema financeiro como um todo. Podemos destacar aspectos como a Redução de custos operacionais, com FinOps; Velocidade na inovação com arquitetura flexível; Experiências digitais aprimoradas por IA e hiperpersonalização; Acesso democrático à tecnologia para fintechs e bancos digitais; e a Conformidade regulatória adaptativa e dinâmica.
A transição para a 5ª geração de core banking não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica. Os bancos que adotarem tecnologias Cloud Native, Open Source e AI-powered estarão na vanguarda da inovação financeira, proporcionando serviços mais ágeis, seguros e personalizados. Mais do que isso, a 5ª geração de Core Bankings é a fusão entre Cloud Native, Open Source, FinOps, Agnosticidade e AI, resultando em uma infraestrutura moderna, eficiente e altamente inovadora.
Essa evolução toda não surgiu isoladamente, mas sim como resultado da maturidade adquirida ao longo das gerações anteriores. Cada avanço (desde os sistemas monolíticos robustos até a introdução de arquiteturas distribuídas e APIs abertas) contribuiu para consolidar um modelo mais eficiente e flexível.
Essa convergência tecnológica resultou em soluções mais resilientes, interoperáveis e adaptáveis, permitindo que bancos e fintechs inovem de forma mais rápida e segura. Com isso, as instituições financeiras ficam mais preparadas para um futuro altamente digital, garantindo escalabilidade, eficiência e acessibilidade em um cenário cada vez mais dinâmico e competitivo.
Para saber mais sobre essa revolução, conheça o Guardia | Core Banking.
Comentarios