Pix por comando de voz? Entenda se funcionalidade de IA é segura para meios de pagamento
- Fincatch

- 16 de jul.
- 2 min de leitura

Uma funcionalidade que promete reinventar a forma como os usuários se relacionam com o dinheiro foi recentemente lançada pelo Bradesco: as transferências via Pix por comando de voz, diretamente no WhatsApp, com apoio da assistente virtual BIA, agora turbinada por Inteligência Artificial Generativa, vão permitir transações de até R$ 300,00 por operação.
O comando de voz no Pix é prático. Mas será que é seguro? De acordo com Alexander Coelho, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Digital, IA e Cibersegurança, do ponto de vista da experiência do usuário, é inegável: a proposta é sedutora. “O cliente envia uma mensagem de voz, e o dinheiro é transferido sem fricções, sem digitação, sem aplicativos intermediários. A conveniência é elevada ao máximo”, explica.
Entretanto, ao permitir transações financeiras por comando de voz, o banco está lidando com um tipo de dado potencialmente sensível: a biometria vocal. “E ao fazer isso pelo WhatsApp, controlado por uma big tech sediada fora do país, impõe-se a necessidade de refletir sobre privacidade, segurança, responsabilização e transferência internacional de dados”, alerta Coelho.
Os riscos não são desprezíveis. A LGPD exige que o uso de dados sensíveis, como a voz, tenha base legal específica e consentimento claro — o que não se satisfaz com janelas pop-up genéricas. Além disso, a autenticação por comando de voz pode não cumprir os padrões exigidos para transações financeiras, abrindo margem para fraudes e responsabilidade objetiva da instituição.
“Some-se a isso o fato de que o canal de comunicação, o WhatsApp, está fora da jurisdição nacional e já esteve no centro de polêmicas sobre uso indevido de dados”, acrescenta o especialista, ressaltando que todo o processo exige do controlador (o banco) um dever rigoroso de diligência, inclusive com a eventual necessidade de um *Relatório de Impacto (DPIA).
A Inteligência Artificial da BIA, que agora compreende linguagem natural e decide se o comando é ou não uma transação válida, também impõe deveres de transparência algorítmica, revisão humana e governança responsável. Afinal, quem decide o que foi dito, e com que intenção?
“Mais do que uma novidade tecnológica, estamos diante de um caso que ilustra o delicado equilíbrio entre inovação e diligência regulatória. Porque, no final do dia, o Pix por voz pode parecer uma solução simples. Mas por trás da simplicidade, há um sistema que escuta, processa, decide e transfere dinheiro, tudo em segundos”, conclui o advogado.
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