Profit pool em meios de pagamento no Brasil pode crescer cerca de 40% e atingir R$ 169 bilhões até 2030
- Fincatch
- há 38 minutos
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O Brasil lidera globalmente a adoção de pagamentos instantâneos no consumo das famílias, com o pix representando 35,1% das transações, taxa que supera os índices observados na Índia (17%), Reino Unido (9%) e Estados Unidos (2%). Mesmo assim, o mercado brasileiro de pagamentos digitais ainda tem alguns anos de forte crescimento antes de atingir a saturação.
A combinação entre o alto percentual de população bancarizada (90%) e a digitalização acelerada impulsionou o avanço dos cartões, cuja penetração cresceu 24 pontos percentuais entre 2018 e 2024. O pix, por sua vez, tornou-se hábito para cerca de 60% dos brasileiros e já é aceito aproximadamente 98% dos estabelecimentos, dos quais quase 50% oferecem descontos para incentivar esse formato de pagamento.
No entanto, ao contrário da percepção de saturação do mercado de pagamentos digitais no Brasil, que ganhou força no ano passado com a penetração estimada acima de 95% do consumo das famílias – gerando a expectativa de que acirramento da concorrência e menores perspectivas de crescimento para todos os participantes na indústria –, uma análise mais aprofundada revela um cenário diferente.
O estudo da Bain mostra que o mercado endereçável para pagamentos digitais ao fim de 2024 era aproximadamente 20% maior, não restrito ao PCE (Produto de Consumo das Famílias) atual. Essa constatação eleva a taxa de penetração dos pagamentos digitais para cerca de 80%, com projeções de crescimento adicional nos próximos cinco anos. Considerados em conjunto, esses fatores sustentam a estimativa de que o profit pool do setor de pagamentos no Brasil, estimado em R$ 120 bilhões, pode chegar a R$ 170 bilhões em 2030.
“Esta análise reforça a importância dos pagamentos digitais e o quanto ainda há valor a ser capturado pelos players atuais; por outro lado, as estratégias dos últimos cinco anos não serão aquelas que serão vencedoras nos próximos cinco”, afirma André Mello, sócio da Bain.
Para capitalizar todo esse potencial, os participantes da indústria devem embarcar uma agenda ampla de engajamento com clientes, diversificação de receitas e redução de custo. Nesse sentido, recomenda-se considerar algumas ações estratégicas: combinar diferentes meios de pagamento, explorar usos no B2B e ampliar a oferta de outros serviços financeiros. Antonio Cerqueiro, também sócio da consultoria, avalia que “cada elo do ecossistema de meios de pagamento terá papéis distintos. Os emissores deverão priorizar a principalidade, enquanto as bandeiras precisam buscar novos serviços e maior conexão com diferentes trilhos de pagamento. Por fim, as credenciadoras precisam oferecer serviços de valor agregado”.
O estudo da Bain indica que à medida que conseguirem avançar em eficiência, inovação e geração de novos fluxos, ficará evidente que o mercado ainda oferece oportunidades relevantes de expansão e retorno.