Stablecoins locais devem movimentar R$ 32 bilhões na América Latina em 2025
- Fincatch
- há 54 minutos
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A Iporanga Ventures lança “The State of Local Stablecoins – Latam”, report sobre o mercado de stablecoins atreladas a moedas locais na América Latina. O estudo, conduzido por Rodrigo Trindade, Research Lead da gestora, revela um ecossistema que cresce rapidamente e começa a se consolidar como infraestrutura essencial para câmbio on-chain e para a próxima geração de produtos financeiros construídos em blockchain.
Até o momento, Brasil, México e Colômbia movimentaram US$ 4,8 bilhões (R$ 25,6 bilhões) em stablecoins locais ao longo de 2025. As projeções indicam que o volume total deve superar US$ 6 bilhões (R$ 32 bilhões) até dezembro, reforçando o amadurecimento acelerado do setor na região.
O Brasil lidera com folga esse movimento, sendo responsável por 69% do volume transacionado no ano. Até o fim de 2025, o país deve ultrapassar sozinho US$ 4 bilhões (R$ 21,3 bilhões) em operações on-chain com stablecoins locais. As stablecoins de real já ocupam a posição de terceiro maior mercado do mundo em supply e volume, atrás apenas do dólar e do euro.
O report mostra ainda uma transformação estrutural no perfil dos usuários. Em outubro do ano passado, investidores profissionais e “whales” respondiam por 60% do volume, os institucionais representavam apenas 5% e o varejo somava 35%. Em 2025, esse cenário se inverteu de forma profunda: 84% do volume já vem de institucionais, 12% de profissionais e apenas 4% de retail. A entrada de empresas de pagamentos, fintechs, instituições financeiras e provedores de FX trouxe escala, previsibilidade e novos casos de uso, fortalecendo as stablecoins locais como ponte entre economias latino-americanas e a economia global.
Na Colômbia, o avanço é ainda mais acelerado. O uso de stablecoins atreladas ao peso colombiano saltou de US$ 700 mil (R$ 3,7 milhões) em outubro de 2024 para US$ 200 milhões (R$ 1,07 bilhão) em outubro de 2025, uma expansão de quase 280 vezes, impulsionada principalmente por remessas, operações de câmbio e pagamentos corporativos cross-border.
Os dados indicam que o principal caso de uso das stablecoins locais hoje envolve operações de câmbio e pagamentos internacionais, incluindo cross-border FX, pagamentos digitais internacionais, on/off-ramps eficientes, saldo em moeda local para empresas e clientes estrangeiros e operações com cartões de crédito cripto. Nesse contexto, as stablecoins locais passam a operar como o novo rail de FX on-chain, oferecendo liquidez 24/7, menor custo e transações mais eficientes.
Mesmo com a redução de bots e arbitragem, que diminuiu o volume negociado, a liquidez em DEXs avançou de forma expressiva. A liquidez disponível para stablecoins locais nessas plataformas chegou a aproximadamente US$ 2 milhões (R$ 10,62 milhões) em outubro de 2025, contra US$ 618 mil (R$ 3,29 milhões) no ano anterior, representando um crescimento de 262%. A atividade está cada vez mais ligada a uso real, especialmente em FX e pagamentos internacionais.
O ecossistema também avança em escala. Já são US$ 47 milhões (R$ 250,5 milhões) em stablecoins locais em circulação, com crescimento de 327%, distribuídos em oito blockchains diferentes. Ao todo, 92 mil endereços já detêm stablecoins atreladas a moedas locais, consolidando um ambiente mais diverso, líquido e tecnicamente sólido.
O report também dá início a um movimento relevante de transparência ao incorporar, em parceria com a Fact Finance, um esforço para trazer provas de reserva das stablecoins locais. A iniciativa busca incentivar responsabilidade, clareza e segurança, contribuindo para a evolução de um mercado que ainda está em processo de amadurecimento nesse aspecto.
“Stablecoins locais estão se tornando uma ponte entre a economia latino-americana e o sistema financeiro global. Elas já movimentam bilhões de dólares — e dezenas de bilhões de reais —, estão sendo adotadas por instituições e começam a reescrever como câmbio e pagamentos acontecem on-chain”, afirma Rodrigo Trindade, Research Lead da Iporanga Ventures.
“O que estamos vendo não é apenas a adoção de um novo ativo digital, mas a construção de uma nova camada de infraestrutura financeira para a América Latina. Stablecoins locais resolvem gargalos históricos de câmbio, liquidez e custos operacionais. Com a regulação avançando no Brasil, esse movimento tende a ganhar escala muito rapidamente”, afirma Renato Valente, sócio da gestora Iporanga Ventures.
Por fim, vale ressaltar que a Iporanga Ventures segue investindo em empresas que constroem infraestrutura blockchain e rails financeiros modernos, contribuindo para acelerar a transformação digital do sistema financeiro latino-americano.
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