2025 se consolida como ano do amadurecimento do mercado de Fintechs no Brasil
- Fincatch
- há 4 horas
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Nas últimas semanas, o Banco Central (Bacen) divulgou um conjunto de novas regras para aumentar a segurança do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e evitar a lavagem de dinheiro, que afetou diretamente as Fintechs. Essas novas regras fazem parte de uma série de desafios, enfrentados ao longo de todo o ano de 2025, que está sendo visto pelo mercado como um período de transição de expansão para maturidade para essas empresas.
Segundo Fred Amaral, CEO da Lerian, startup brasileira que desenvolve soluções open-source para infraestrutura financeira, o mercado nacional de fintechs alcançou cerca de US$ 4,73 bilhões em 2024 e projeções apontam crescimento para US$ 17,58 bilhões até 2033, com CAGR estimado de ~15,7% entre 2025-33. “Esses dados, divulgados pelo IMARC Group, mostram que a competição se intensifica, o investimento externo está mais seletivo e o ambiente regulatório está exigindo cada vez mais profissionalização dessas empresas”, afirma.
Amaral destaca ainda que esse ambiente regulatório, mais robusto e exigente, redefiniu a forma como as instituições financeiras e de tecnologia operam, exigindo das empresas uma postura cada vez mais madura em governança, segurança e transparência. “As fintechs foram o motor que impulsionou a digitalização do sistema financeiro brasileiro, mas hoje seu papel vai além da inovação na ponta. Elas estão reconstruindo o núcleo do sistema, modernizando a forma como o dinheiro circula, como os dados se conectam e como a confiança é estabelecida entre instituições e usuários”.
Porém, essa rigorosidade, observada nos últimos anos, gerou impactos diretos sobre o modelo de negócios dessas empresas, que passaram a enfrentar um cenário de maior exigência com processos de autorização mais severos e prazos reduzidos, tornando o licenciamento mais desafiador.
A governança e o compliance passaram a ser incorporados desde a concepção dos produtos, com foco em rastreabilidade, auditoria e controle antifraude. Os investimentos em tecnologia, segurança e conformidade se tornaram parte estrutural dos negócios, elevando os custos operacionais. “Diante da complexidade das novas regras, muitas empresas optaram por modelos de parceria e Banking as a Service (BaaS), aproveitando a infraestrutura de instituições licenciadas. Ao mesmo tempo, cresceu o desenvolvimento de produtos compliance-first, voltados à interoperabilidade e à transparência no sistema financeiro”, analisa Amaral.
Contudo, apesar desses grandes desafios, 2025 também abriu espaço para novas oportunidades. Em um cenário em que a cautela e transparência se tornaram diferenciais de mercado, fintechs que nasceram com uma mentalidade de compliance nativo passaram a se destacar, conquistando a confiança de clientes e parceiros, ao investirem na criação de produtos voltados à segurança, interoperabilidade e personalização de dados.
“A Lerian, por exemplo, integrou inteligência regulatória à própria infraestrutura e desenvolveu o Reporter, um motor de geração de documentos financeiros que garante rastreabilidade, consistência e evidência auditável em cada relatório. O produto nasceu da demanda crescente por transparência operacional e conformidade embutida na arquitetura, não tratada como camada externa”, explica Fred Amaral.
Para o ano de 2026, Amaral observa que as fintechs precisarão voltar seus esforços para algo que vai além da experiência do usuário: a resiliência da infraestrutura. Segundo o executivo, o crescimento do ecossistema e o aumento das exigências regulatórias exigem que as empresas operem com bases tecnológicas mais maduras, capazes de garantir disponibilidade, rastreabilidade e governança contínua sem comprometer a agilidade.
“A prioridade será transformar compliance em inteligência operacional. Ou seja, deixar de enxergar o cumprimento regulatório como um custo e começar a tratá-lo como uma fonte de eficiência e previsibilidade”, conclui.
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