Finanças descentralizadas ganham tração e ampliam espaço na nova economia digital
- Fincatch
- há 5 horas
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O crescimento da Renda Fixa Digital e a expansão global das Finanças Descentralizadas (DeFi) começam a alterar a dinâmica do mercado de capitais. Relatórios de consultorias internacionais indicam que o segmento de ativos fracionados digitalmente (tokenizados) pode superar US$ 10 trilhões até 2030, impulsionado pela migração de produtos tradicionais para estruturas digitais, que oferecem fracionamento, rastreabilidade e eficiência operacional.
No Brasil, o avanço regulatório e o amadurecimento das plataformas que sustentam emissões digitais têm acelerado esse movimento. A avaliação é de Beny Fard, consultor de valores mobiliários, cofundador da B8 Partners e da fintech DeFin, que afirma que a tecnologia deixou de ser um experimento para se tornar vetor da nova economia. “A digitalização da dívida e do crédito é um fenômeno estrutural. Quando combinamos governança institucional com infraestrutura blockchain, conseguimos aproximar emissores e investidores de forma mais eficiente”, diz.
O avanço da Renda Fixa Digital ocorre em paralelo ao crescimento das finanças descentralizadas no cenário global. Estudos recentes mostram que o volume total bloqueado (TVL) em protocolos DeFi superou os US$ 60 bilhões em 2024, e dobrou esse volume em meados de 2025, após um período de retração, acompanhado pelo aumento do interesse institucional em operações lastreadas em ativos reais. Esse movimento tem atraído investidores em busca de produtos mais transparentes e de maior previsibilidade de fluxo, conectando o ecossistema cripto à economia tradicional.
No Brasil, a combinação entre regulação específica,como as Resoluções CVM 88 e 231/232 e a evolução das plataformas de emissão criou condições para o surgimento de estruturas híbridas. A tokenização viabiliza operações fracionadas, permite auditoria contínua e reduz etapas de conciliação, aspectos que beneficiam especialmente empresas de médio porte, historicamente pouco atendidas por grandes bancos. Segundo Fard, a eficiência técnica tem papel direto na ampliação do crédito. “A tokenização reduz assimetria de informação e simplifica o caminho até o investidor qualificado. Isso abre espaço para que empresas médias acessem soluções que antes eram restritas a corporações bilionárias”, afirma.
A crescente demanda por operações digitais também reflete mudanças no comportamento dos distribuidores. Escritórios de investimento e consultorias têm buscado produtos de crédito estruturados que conciliam velocidade de execução e rigor analítico, o que estimulou o desenvolvimento de modelos baseados em Investment Banking as a Service (IBaaS), modelo de negócio da DeFin. A proposta de descentralizar a mesa de estruturação permite que agentes autônomos e plataformas ampliem sua atuação sem a necessidade de infraestrutura própria, fortalecendo o Middle Market.
A tendência aponta para a consolidação de um mercado de capitais híbrido, no qual fundamentos econômicos tradicionais coexistem com tecnologias de registro distribuído. A leitura de Fard é que a nova economia se forma justamente nessa interseção. “O futuro possivelmente não será 100% descentralizado, nem totalmente tradicional. É a combinação dos dois que permite criar produtos mais acessíveis, seguros e escaláveis. A Renda Fixa Digital está cada vez mais se tornando uma das portas de entrada para investidores institucionais na infraestrutura da Web3”, conclui.
A perspectiva de expansão envolve a possibilidade de maior padronização, interoperabilidade entre plataformas e adoção mais ampla de sistemas de auditoria contínua. Se confirmada a trajetória atual, as finanças descentralizadas devem se consolidar como alicerce da nova economia, conectando tecnologia, governança e capital em arranjos mais eficientes para emissores e investidores.
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