Com o aumento da popularidade dos criptoativos entre os brasileiros, eles conquistaram o público devido à facilidade de aquisição a um custo acessível, juntamente com a segurança proporcionada pelo blockchain. Essa mesma tendência tem se manifestado no mercado esportivo, por meio dos tokens disponibilizados pelos clubes de futebol para seus torcedores. Embora ofereçam vantagens e oportunidades de ganhos, é essencial estar ciente das diferentes modalidades disponíveis, já que cada uma oferece rendimentos e benefícios distintos.
No Brasil, existem basicamente dois tipos de tokens disponíveis para os amantes dos clubes ou para aqueles que buscam oportunidades financeiras únicas. Nesse contexto, os interessados podem adquirir tokens de direitos creditórios de jogadores ou fan-tokens que conferem direitos de decisão em algumas medidas do clube.
Apesar das diferenças entre eles, o objetivo de ambos os tipos de tokens é o mesmo: angariar recursos e, em troca, conceder algumas vantagens aos detentores. Carlos Akira Sato, especialista em ativos digitais e sócio do escritório Jantalia Advogados, destaca que "os tokens combinam a paixão dos brasileiros por seus times com a oportunidade de ganhos financeiros reais ou benefícios adicionais". Em 2022, a Confederação Brasileira de Futebol listou 1.276 clubes de futebol profissional no país, mas apenas 25 deles aderiram ao uso de SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol).
Sato acredita que o potencial desse mercado é imenso, pois é relativamente novo, e prevê um crescimento exponencial não apenas no futebol, mas também em outros esportes como vôlei, basquete, skate, surfe, pôquer, atletismo e esports.
Aqui estão mais detalhes sobre os dois tipos de tokens disponíveis para os torcedores:
Tokens de direitos creditórios
Esses tokens têm como objetivo gerar renda para seus detentores, com base nos direitos que os clubes têm sobre as transações envolvendo jogadores formados em suas categorias de base. Essa modalidade de ativo é respaldada pelo Mecanismo de Solidariedade da FIFA, que garante aos clubes formadores de atletas uma porcentagem (5%) dos valores provenientes das transferências desses jogadores.
Sato observa que apenas alguns clubes lançaram tokens relacionados aos direitos creditórios de seus jogadores, mas as transações envolvendo jogadores brasileiros têm sido significativas. Como exemplo, ele destaca a transferência do atacante Neymar do Paris Saint-Germain para o Al Hilal, que rendeu R$ 18 milhões aos detentores dos Tokens da Vila, relacionados ao Santos, clube onde Neymar foi descoberto e se formou.
Para os interessados em adquirir esse tipo de token, o especialista aconselha acompanhar o mercado e as novas emissões. Em 2022, as transações envolvendo jogadores no mercado global atingiram a marca de US$ 6,5 bilhões, com o Brasil liderando em número de transferências.
Fan Token
Esses tokens são ativos digitais que não são considerados valores mobiliários e conferem direitos aos detentores apenas em algumas decisões do clube. Isso inclui a escolha de uniformes para partidas, interação com o clube e seus profissionais, bem como a possibilidade de compra ou participação em sorteios de itens exclusivos.
Sato explica que o propósito dos fan-tokens é promover o engajamento dos torcedores com as atividades do clube. Embora não sejam investimentos per se, eles oferecem benefícios e experiências exclusivas aos detentores.
Os fan-tokens foram lançados recentemente em 2021 e já foram adotados por alguns dos principais clubes brasileiros, incluindo Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Botafogo, Vasco, Atlético Mineiro e Cruzeiro, além de outros clubes.
Esses ativos digitais ganharam destaque recentemente, à medida que os clubes buscam profissionalização. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou o Parecer de Orientação nº 41/2023, que permite às Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) diversas formas de captação de recursos no mercado de capitais, incluindo a negociação de ações na bolsa, emissão de debêntures e crowdfunding, uma plataforma digital para arrecadação de recursos.
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