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Unbundling, Rebundling e a Nova Arquitetura dos Serviços Financeiros



Os serviços financeiros não estão apenas se digitalizando — estão sendo desmontados e reconstruídos. O movimento que chamamos de unbundling e rebundling não é uma tendência passageira, mas um processo de transformação profunda que está redefinindo como produtos financeiros são criados, distribuídos e consumidos.


Mais do que uma mudança tecnológica, esse ciclo reflete a convergência entre infraestrutura, regulação e comportamento do consumidor. E ele ainda está em curso.


De “tudo junto” para “tudo do seu jeito”


Durante muito tempo, bancos tradicionais operaram no modelo de bundling. Ofereciam tudo sob o mesmo teto: conta, cartão, crédito, investimentos, seguros. Era conveniente — mas também limitava a inovação e a personalização.


Com o avanço das fintechs e a popularização de APIs abertas, vimos surgir o unbundling: soluções especializadas, enxutas e focadas em resolver um problema específico com profundidade. Um app para câmbio, outro para crédito, outro para investimentos. Esse movimento ganhou força a partir de 2018, com a criação das figuras regulatórias como SCDs e IPs, que abriram espaço para novos modelos operarem de forma segura e escalável. A estruturação formal do Open Finance veio em seguida, a partir de 2020, consolidando o ambiente técnico e jurídico para interações mais amplas entre instituições.


Hoje, estamos entrando em uma nova fase: o rebundling. Só que agora com uma lógica modular, interoperável e orientada por experiência. Plataformas passam a orquestrar diferentes serviços — muitas vezes de provedores distintos — entregando uma jornada integrada e adaptável para o usuário final.


A leitura estratégica dos movimentos


Esse novo cenário traz movimentos distintos entre quem fornece e quem consome infraestrutura financeira.


Players de BaaS estão se movendo em direção ao bundling, agregando múltiplas funções — conta, pagamentos, crédito, câmbio, KYC — dentro da mesma oferta. O objetivo é claro: aumentar o valor por cliente e simplificar a gestão e manutenção da infraestrutura para os tomadores.


as fintechs e plataformas digitais buscam o rebundling, montando suas soluções com diferentes parceiros, em busca de controle, diferenciação e eficiência. Elas querem flexibilidade para compor, testar e adaptar suas infraestruturas conforme evoluem no mercado.


Mas há também o fator mais importante: o cliente final.


O consumidor se importa, sim, com segurança e estabilidade — e valoriza quem está por trás da operação. Mas é a marca que ele escolhe e com a qual se relaciona que ancora a confiança. E marcas que desejam manter essa conexão precisam de liberdade para orquestrar seus bastidores sem abrir mão da qualidade.


Uma nota sobre o cenário regulatório


Esse movimento também chama atenção para o lado regulatório. Na CP 108/2024, discutiu-se os prós e contras de permitir que uma fintech contrate mais de um provedor de BaaS. Hoje, a minuta propõe restringir essa prática, o que pode limitar a liberdade de composição e reduzir a competitividade entre plataformas.


Ainda assim, a expectativa é de que esse ponto evolua, com regras mais claras que equilibrem segurança, inovação e incentivo à competitividade no ecossistema. Um caminho que favorece um rebundling mais responsável, modular e alinhado à diversidade de estratégias do mercado.


Não é só tendência: é mudança de paradigma


No cenário atual, a vantagem competitiva deixou de estar apenas no produto final — e passou a estar na infraestrutura invisível que viabiliza esse produto. Empresas que ainda operam com sistemas fechados e pouco integráveis enfrentam altos custos de adaptação. Já aquelas que optam por infraestrutura modular conseguem iterar com rapidez, escalar com segurança e inovar com mais autonomia.


O rebundling se torna, assim, não apenas uma alternativa técnica — mas uma escolha estratégica.


Conclusão: o futuro é rebundling


Se os últimos anos foram marcados pelo unbundling acelerado, e o presente pela busca de rebundling modular, o que se desenha no horizonte é uma nova etapa: a era da composição estratégica e contínua.


Nesse cenário, infraestruturas fechadas e pouco flexíveis tendem a perder espaço para plataformas que oferecem liberdade de montagem, integração inteligente e governança embutida.


A lógica de “escolher um fornecedor para tudo” será substituída por decisões mais refinadas — baseadas em performance, controle, risco e propósito de marca. E o diferencial estará menos em quem oferece tudo, e mais em quem permite criar tudo do seu jeito, com escala e confiança.


A evolução regulatória deve acompanhar esse movimento, favorecendo arranjos mais competitivos, seguros e transparentes, em que o rebundling deixa de ser exceção e passa a ser o novo padrão para quem quer inovar sem abrir mão de estabilidade.

Para as fintechs, bancos digitais e plataformas que querem construir o próximo capítulo dos serviços financeiros, o recado é claro: não se trata mais de escolher entre tudo junto ou tudo separado — mas decidir como (e com quem) você vai recompor sua estratégia, quantas vezes for necessário.



O futuro será de quem souber montar, desmontar e remontar — com agilidade, segurança e intenção.


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